Cristiane Dos Santos Melo Nunes
RESUMO
O Acidente Vascular cerebral (AVE) é caracterizado por uma lesão que acomete um dos vasos que irrigam a região cerebral. É uma das principais causas de mobilidade e mortalidade em todo o mundo. O AVE é considerado uma patologia extremamente comum no meio clínico e que acomete principalmente indivíduos em idade mais avançada, promovendo seqüelas múltiplas, sendo a dificuldade na execução da marcha a queixa principal. Objetivo: Detectar alguns fatores preditivos para a ocorrência do acidente vascular cerebral e citar algumas técnicas da fisioterapia para o tratamento do AVE. Métodos: Este artigo tem como base um delineamento do tipo bibliográfico, sendo iniciado com a escolha dos escritos no DeCS (descritores em ciência da saúde) que foram os seguintes: Acidente Vascular Encefálico Diagnostico e Fisioterapia com base em pesquisas bibliográficas, revista, artigos científicos do Portal Scielo, PubMed. Resultado: Durante as pesquisas e levantamento bibliográfico foi observado que a fisioterapia disponibiliza de recursos no tratamento do paciente portador de AVE, evitando deformidades e contraturas que a patologia pode causar.
Palavras-chaves: Acidente Vascular Encefálico, Diagnostico, Fisioterapia
*Graduada em Fisioterapia na Faculdade de Maceió, Pós Graduada em Fisioterapia em Terapia Intensiva Estácio.
INTRODUÇÃO
Acidente Vascular Encefálico (AVE) é definido pela Organização Mundial de Saúde como uma síndrome de rápido desenvolvimento, com sinais clínicos de perturbação focal ou global da função cerebral, com mais de 24 horas de duração, podendo levar ao óbito e de suposta origem vascular1. O acidente vascular encefálico (AVE) apresenta manifestações clínicas que refletem a localização e extensão da lesão vascular. Lesões no sistema corticoespinal após AVE interferem com as atividades de vida diária, mobilidade e comunicação.2
As doenças cerebrovasculares têm grande impacto sobre a saúde da população, situando-se entre a primeira e terceira principal causa de mortalidade no Brasil. A incidência anual de AVE nos EUA é de aproximadamente 500 mil, com um total de mais de 3 milhões de sobreviventes na metade da década passada3.
Os acidentes vasculares cerebrais tem pico de incidência entre a 7ª e 8ª década de vida quando somam com as alterações cardiovasculares e metabólicas relacionadas a idade4,5. Entretanto o AVC pode ocorrer mais precocemente e ser relacionados a outros fatores de risco como distúrbios da coagulação, as doenças inflamatórias e imunológicas6, bem como, o uso de drogas7. Estudos prévios demonstram incidência de 10% em pacientes com idade inferior a 55 anos8 e de 3,9% em pacientes com idade inferior a 45 anos9.
As causas e as formas, de AVE são anóxico-isquêmicas (resultado da falência vasogênica para suprir adequadamente o tecido cerebral de oxigênio e substratos) e hemorrágicas (resultado do extravasamento de sangue para dentro ou para o entorno das estruturas do sistema nervoso central). Os subtipos isquêmicos são lacunares, ateroscleróticos e embólicos, e os hemorrágicos são intraparenquimatosos e subaracnóide10.
A hipertensão é o principal fator de risco para AVE11,12, estando associada à doença de pequenas e grandes artérias. O risco imposto pela hipertensão é maior para insuficiência cardíaca e AVE. O diabetes é um importante fator de risco para o desenvolvimento de doença cerebrovascular, especialmente infarto cerebral aterotromboembólico13. Muitos estudos epidemiológicos têm estabelecido que o fumo é um fator de risco importante para AVE, sendo sinérgico à hipertensão, ao diabetes melito, à intolerância à glicose, à idade, à hipercolesterolemia e à doença cardiovascular preexistente14.
Pacientes com sequelas de AVE demonstram dificuldade em controlar o início do movimento, bem como o controle motor voluntário15. A principal causa desta interferência é a espasticidade, fazendo com que haja acometimento da habilidade do paciente em produzir e regular o movimento voluntário. A espasticidade pode acarretar deformidades estáticas; contudo, a espasticidade pode também alterar a angulação articular durante a marcha dinâmica16.
O início da hemiplegia pode comprometer os princípios biomecânicos normais e a estabilidade do complexo do ombro, devido a perda do controle motor e do desenvolvimento de padrões anormais de movimento; secundariamente, ocorrem alterações em tecidos moles e desalinhamento da articulação glenoumeral. A incidência de ombro doloroso prevalece entre 34 a 85% dos pacientes, independente de idade e sexo e ocorre na segunda semana após o acidente vascular17,18.
Um dos objetivos da fisioterapia na reabilitação de pacientes portadores de doenças neurológicas crônicas é alcançar maior grau de independência. A motivação do paciente e a aceitação no que diz respeito às alterações do seu estilo de vida são fatores relevantes para o sucesso da reabilitação19.
DISCUSSÃO
Nas últimas décadas, uma enorme quantidade de recursos tem sido investida em pesquisa, no mundo todo, na tentativa de reduzir a morbidade e mortalidade dos AVC. Várias modalidades terapêuticas têm sido preconizadas, todas objetivando minimizar o grau de lesão neuronal que ocorre após uma oclusão ou sangramento arterial.
A hipertensão arterial é fator de risco preditivo poderoso para o AVC. Sua ocorrência está estimada em torno de 70% de todos os quadros vasculares cerebrais20. Num estudo de 1985, englobando 1088 registros de pacientes, Lessa21 encontrou uma incidência de 80% de hipertensos. Diabetes mellitus, reconhecidamente um fator de risco independente para a DCV por acelerar processo de aterosclerose22.
O índice de piora dos pacientes com AVC nos primeiros sete dias após o isto varia em torno de 30% na literatura23,24. Destes, 70% pioram por causas neurológicas (edema cerebral, progressão da área infartada, transformação hemorrágica, como espasmo, crises convulsivas, hidrocefalia aguda e sangramento) e 30% por causas sistêmicas24.
Altos níveis pressóricos são os fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento de AVE25,26. Ensaios randomizados de tratamentos para hipertensão mostraram que a queda de 5 mmHg a 6 mmHg da pressão diastólica média está relacionada com redução de 35% a 40% na mortalidade do AVE27,28.
Homens e mulheres fumantes apresentam excesso de risco de AVE, que é crescente.
com o número de cigarros fumados29.
Baixa concentração sérica de colesterol é um risco para hemorragia cerebral, mas não para hemorragia subaracnóide30, por outro lado, altos níveis de colesterol predizem infarto cerebral30, 31.
Em concordância com Bender & Mckenna32, Turner-Stokes & Jackson33, entendem que o tratamento do ombro doloroso hemiplégico deve envolver um manejo multidisciplinar coordenado no intuito de minimizar essa seqüela do AVE e otimizar o processo de reabilitação.
Em outro trabalho envolvendo o emprego apenas de um recurso fisioterapêutico, Tyson, Chissim34, concluíram que a mobilização passiva dando apoio proximal ao ombro hemiplégico produz efeitos benéficos em curto prazo na redução da sintomatologia dolorosa e aumento da amplitude para flexão da articulação gleno-umeral.
A Fisioterapia busca recuperar e/ou manter os graus de incapacidade, promovendo melhora das funções motoras, sensitivas e neurológicas35.
CONCLUSÃO:
Pelo fato de o paciente com AVE requerer uma série de cuidados especiais, o profissional da saúde responsável por sua reabilitação deve ter conhecimento e consciência da importância de se evitar posicionamentos e padrões patológicos, para que as complicações não sejam instaladas de forma incapacitante e para que, assim, o paciente tenha uma vida mais funcional, com melhor qualidade e independência.
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